

Na manhã de hoje, 7 de março, Lucas Braathen confirmou seu retorno às corridas da FIS Alpine World Cup em uma coletiva de imprensa no hangar da Red Bull em Innsbruck, Áustria. O atleta de 23 anos abriu a conferência falando em português e depois mudou para o inglês, declarando com orgulho: “Estou retornando ao esporte das corridas alpinas e estou fazendo isso no país onde descobri meu amor pelo esporte. Tenho muito orgulho de representar o Brasil”.
“Dançar na neve é onde eu devo me apresentar”, disse Braathen.
Braathen é filho de um casal norueguês-brasileiro e anunciou sua aposentadoria em outubro de 2023, após um desentendimento com a Associação Norueguesa de Esqui. Os atletas noruegueses não detêm os direitos de sua imagem pessoal ou de marketing. Após uma pausa de quase seis meses no esqui competitivo, o atleta de dupla cidadania admite que estava sentindo falta do esqui, dizendo na coletiva de imprensa: “Durante o período em que fiquei afastado do esporte, descobri como era difícil não levantar todos os dias de manhã cedo para tentar ser o melhor no esporte que eu amo.”


Anders Pettersson, presidente da Federação Brasileira de Esportes de Neve, participou da conferência, declarando: “É uma oportunidade enorme e pode ser um divisor de águas para nós”. O próprio Pettersson tem dupla cidadania, nascido no Brasil de pais suecos. Pettersson espera promover os esportes de neve no Brasil, ressaltando que o país enviou atletas para os últimos nove Jogos Olímpicos de Inverno. Embora o país ainda não tenha conquistado uma medalha olímpica de inverno, ganhou uma medalha em Snowboard Cross nos Jogos Olímpicos da Juventude em Gangwon, Coreia, quando o snowboarder Zion Bethonico ganhou o bronze.
“O que sinto falta é de me tornar o melhor do mundo. Então, esse é o sonho. Voltar a ser o melhor. Por isso, vou precisar vencer nas disciplinas técnicas. Chegar ao primeiro campeonato com a bandeira do Brasil nas costas é algo que eu quero muito que aconteça.”
Durante a coletiva de imprensa, por vezes emocionada, Braathen admitiu que, no início, pensou que nunca mais voltaria a esquiar. “Comprei uma passagem só de ida para o Brasil e tentei me afastar de tudo o que tinha a ver com esportes e carreira”, declarou o ex-esquiador norueguês. “O que foi realmente lisonjeiro foi sentir o apoio dos meus fãs e dos meus competidores”, disse ele, mal conseguindo esconder suas emoções. Braathen explicou que, com o passar do tempo, ficou cada vez mais difícil assistir às corridas da FIS desta temporada e não fazer parte delas. “Não é possível acordar todos os dias e não se esforçar para ser o melhor em algo em que sou bom.”
Em janeiro, o especialista em tecnologia aceitou a oferta da Federação Brasileira de Esportes na Neve para explorar um retorno. Ele admite que não foi uma decisão fácil mudar de país da FIS, pois significava dizer adeus a colegas de equipe e treinadores que ele conhecia, treinava e convivia há anos. “Há enormes sacrifícios e desvantagens, e tive que deixar meus antigos companheiros de equipe. Eu disse a cada um deles que, sem eles, eu nunca seria quem sou hoje. Eu nunca teria sido o homem que sou hoje se não fosse por eles. Sinto-me privilegiado por ter estado com eles nessa jornada e estou feliz por entrar nesse novo capítulo com eles como meus amigos.”
“O que mais dói é o sacrifício dos meus ex-companheiros de equipe. Com relação aos torcedores, sou muito grato pelo apoio deles. Nós compartilhamos muito juntos e espero que o maior número possível de pessoas me apoie pela pessoa que sou e não apenas pela bandeira que represento.”
O formato exato de como Braathen poderá treinar não foi discutido, mas tanto Pettersson quanto Braathen enfatizaram que tudo se resume a flexibilidade e cooperação. Dadas as oportunidades limitadas de treinamento para Braathen no Brasil – o Brasil não tem campos de neve naturais – é seguro presumir que a maior parte do treinamento será realizada na Europa, potencialmente em cooperação com outras equipes nacionais de esqui. Não é inédito que as nações de esqui colaborem para o treinamento, pois o esporte é simplesmente um esporte que exige muitos recursos. Braathen confirmou que havia desistido de seu apartamento em Oslo e que passava muito tempo na Europa, residindo perto da fábrica da Atomic na Áustria ou com sua namorada em Paris, na França.


O que Braathen conseguiu confirmar foi que a separação da Federação Norueguesa de Esqui foi amigável e que a federação permitiu que ele mantivesse seus pontos FIS. Isso permitirá que Braathen continue competindo no circuito da Copa do Mundo, pois, caso contrário, ele teria que competir na Copa da Europa ou na NorAm para recuperar os pontos necessários para se qualificar para as competições da Copa do Mundo.
Graças à sua personalidade extrovertida, Braathen tem o apoio de muitos patrocinadores valiosos, como Red Bull, Oakley e o fabricante de esqui Atomic. O piloto de esqui lançou sua primeira linha própria de esqui em colaboração com a Atomic e admite que gostou do lado criativo de testar e desenvolver um esqui. Ele continuará sendo desenvolvedor de esquis para a Atomic. Essa também foi a fila para Robert Trenkwalder, chefe de projetos especiais para atletas da Red Bull, subir ao palco e presentear Lucas Braathen com um novo capacete especial, pintado com a bandeira brasileira e, claro, com o logotipo da Red Bull. Trenkwalder enfatizou: “Estou muito, muito feliz que o senhor esteja de volta à Copa do Mundo. O senhor é o primeiro esquiador brasileiro que está no topo do mundo”.
De fato, será uma temporada muito empolgante com Braathen de volta ao circuito da Copa do Mundo Alpina da FIS para 24/25. Vamos dançar – Let’s dance!

