Emoção à flor da pele: Cornelia Hütter, vencedora do Globo de Cristal de Downhill da temporada 23/24. | Imagem: Saalbach_com Instagram

Lara Gut-Behrami chegou à final de Downhill no sábado, 23 de março, como a esquiadora de Downhill mais bem classificada, com o Globo de Cristal de Slalom Gigante e Super-G já na prateleira, e o Globo de Cristal de Downhill e Overall ao alcance. Com 369 pontos na classificação da temporada e a segunda colocada, Sofia Goggia, com 360 pontos, fora devido a uma perna quebrada, o Globo de Cristal de Downhill parecia garantido para a talentosa esquiadora suíça. A segunda melhor candidata era Stephanie Venier, da Áustria, com 301 pontos, seguida por sua colega de equipe Cornelia Hütter, em quarto lugar, com 297 pontos, mais de 60 pontos atrás de Gut-Behrami. Stephanie Venier só poderia vencê-la se terminasse pelo menos em segundo lugar e Gut-Behrami fora dos 12 primeiros. Moritz, na Suíça, onde terminou em 13º lugar, Gut-Behrami sempre terminou entre as 12 primeiras, o que parecia um cenário improvável.

A primeira esquiadora a sair do portão foi Alice Robinson, da Nova Zelândia. A esquiadora neozelandesa não é tipicamente uma esquiadora de Downhill, mas se qualificou para a corrida por ter acumulado mais de 500 pontos na temporada da FIS e estava ansiosa para sair com um estrondo. A senhora sentou o ritmo do dia com 1:46,68 minutos. A segunda colocada, Christina Ager, da Áustria, rapidamente superou esse tempo em mais de um segundo, cruzando a linha de chegada em 1:45.58. O tempo de Ager permaneceu imbatível para as dez esquiadoras seguintes, com muitas esquiadoras experientes de Downhill, como Federica Brignone e até mesmo a colega de equipe Stephanie Venier, incapazes de superar a atleta de 28 anos, que cruzou a linha de chegada 0,12 segundos atrás de Ager.

Em seguida, veio a 12ª colocada, Cornelia Hütter, que fez jus ao seu apelido “Full Gas Conny”. A seção superior de Hütter foi mais lenta, mas na seção intermediária ela entrou em sua verdadeira forma, registrando a seção intermediária mais rápida do percurso e catapultando-a para a liderança. Ela manteve o ritmo durante todo o percurso, cruzando a linha de chegada 0,5 segundos à frente do companheiro de equipe Ager. A essa altura, o pódio era austríaco, com Hütter, Ager e Venier. Os aplausos na estação de esqui austríaca foram loucos com a perspectiva de um pódio totalmente austríaco.

O 13º colocado foi Jackie Wiles, da Equipe dos EUA, que teve uma ótima seção superior, mas não conseguiu manter o ritmo ao longo da linha de chegada, terminando 0,15 segundos à frente de Alice Robinson, no que acabou sendo o 13º lugar.

No entanto, todas as atenções estavam voltadas para Lara Gut-Behrami, do bib 14. Será que ela conseguiria desbancar Hütter? Será que ela conquistaria o Globo de Cristal? Com Hütter em primeiro lugar, ela precisava de pelo menos um oitavo lugar para conquistar o Globo de Cristal de Downhill. Mas a esquiadora suíça nunca conseguiu encontrar o ritmo certo na pista de Saalbach, terminando 0,29 segundos atrás de Robinson, da Nova Zelândia, e 1,89 segundos atrás de Hütter. Os olhos da austríaca se arregalaram de espanto enquanto sua arquirrival encolhia os ombros na área de chegada, perguntando-se onde havia errado. A equipe austríaca estava pulando de alegria, com um técnico até mesmo caindo da escada ao lado da pista de corrida. Foi inesperado, mas nem por isso menos bem-vindo. Os olhos de todos se voltaram para a lista de largada: quem faltava para tirar o globo de Hütter e devolvê-lo às mãos de Gut-Behrami?

Cornelia Hütter no assento do líder na área de chegada de Saalbach. | Imagem: FIS Alpine / Christian Bruna Photo

Mirjam Pucher, da Áustria, com o bib 15, foi a próxima a esquiar e ficou em quarto lugar, ampliando o triunfo da Equipe Áustria em casa e completando os quatro primeiros da Áustria. A suíça Priska Nufer, com o bib 16, não conseguiu acompanhar o ritmo, terminando atrás de Robinson e empurrando a colega de equipe Gut-Behrami ainda mais para baixo na classificação.

Nicol Delago, da Itália, no bib 17, foi o próximo e parecia forte. Ela perdeu alguns milésimos de segundo na seção superior, mas foi incrivelmente forte na seção inferior, esquiando em segundo lugar entre Hütter e Christina Ager, acabando com o pódio totalmente austríaco. A próxima foi Ilka Stuhec, da Eslovênia, que vinha tendo uma temporada difícil, sem nenhum pódio. Mas Stuhec conseguiu brilhar na pista de Saalbach, assumindo a liderança à frente de Hütter perto da seção inferior. O público austríaco estava grudado na pista de corrida, mas Stuhec não conseguiu levar a velocidade até a linha de chegada, terminando 0,17 segundos atrás de Hütter. A multidão em Saalbach explodiu em aplausos.

Quem poderia desbancar o “Full Gas Conny”? Talvez a mulher maravilha tcheca Ester Ledecka no bib 19, que havia vencido o Super-G ontem e era conhecida desde as Olimpíadas de 2018 como um azarão. Mas Ledecka terminou 1,31 segundos atrás de Hütter, empurrando Gut-Behrami ainda mais para baixo na classificação. Faltando apenas dois esquiadores para o final, a torcida austríaca começou a comemorar. O sorriso de Hütter estava radiante quando ela percebeu que havia de fato arrebatado o Globo de Cristal de Downhill da lendária Gut-Behrami.

“Estou realmente sem palavras. É incrível ter uma corrida em casa com esse final, eu nunca poderia ter imaginado isso.”
– Cornelia Hütter

Foi um final dramático para uma temporada agitada da Copa do Mundo FIS para as mulheres. Outro momento emocionante no sábado foi a última corrida de Ragnhild Mowinckel na Copa do Mundo, depois de ter anunciado sua aposentadoria há algumas semanas. A esquiadora norueguesa do bib 6 teve o tempo mais lento, mas estava absorvendo tudo em sua última corrida. Quando ela cruzou a linha de chegada, as cinco esquiadoras do bib 1-5, Alice Robinson, Kajsa Lie, Christina Ager, Kira Weidle e Michelle Gisin, correram para abraçar a esquiadora norueguesa, sem enxugar os olhos.

A temporada da Copa do Mundo da FIS termina amanhã, domingo, 24 de março, com o evento Downhill masculino.

Uma despedida emocionante da esquiadora norueguesa Ragnhild Mowinckel. | Imagem: Saalbach_com Instagram