Uma comparação das nevadas de 2023/24 com as nevadas de 1974/75 – quase 50 anos atrás – feita pelo Swiss Avalanche Institute SLF mostrou que as nevadas nessas duas estações foram muito semelhantes. No início de abril de 1975, várias avalanches nos Alpes orientais da Alemanha, Suíça e Áustria caíram, matando mais de 40 pessoas, tanto na montanha quanto nos vilarejos. Vilarejos inteiros nas montanhas foram destruídos, e várias casas centenárias foram destruídas. Foi o mês de abril mais mortal desde que se começou a fazer registros na Europa. A temporada de 1974/74 é considerada um dos grandes “invernos de avalanche”. O inverno de avalanche mais recente foi o de 1998/99, que registrou 1.550 avalanches somente na Suíça.
Embora a recente onda de avalanches na Suíça e na Áustria não tenha ceifado tantas vidas quanto há cinco décadas, a quantidade de neve que caiu em um período tão curto é assustadoramente semelhante: naquela época, como agora, 230 a 270 centímetros (91-106 polegadas) de neve fresca caíram em apenas seis dias. Disentis, na Suíça, registrou um recorde de 281 centímetros (111 polegadas) em abril de 1975. Mas não foram apenas as quedas de neve de abril que foram semelhantes; em geral, as estações foram muito parecidas, com temperaturas acima da média no início e depois uma forte onda de frio em abril.
Para a análise, o climatologista do SLF Christoph Marty comparou a profundidade da neve na Suíça em altitudes entre 2.250 e 2.750 metros (7.382 e 9.022 pés) nos últimos 50 anos. O resultado mostra que ambas as estações foram anômalas acima do valor mediano (veja o gráfico abaixo) e se sobrepuseram em grande parte da estação, especialmente em abril.
O climatologista do SLF, Christoph Marty, observou grandes semelhanças entre o desenvolvimento da profundidade da neve na atual temporada 2023/24 e o desenvolvimento de 49 anos atrás: “Se compararmos a quantidade de neve que caiu nos meses de inverno, as curvas são paralelas em longos trechos.”
A principal diferença entre 1974/75 e esta temporada mais recente é que uma área muito maior foi afetada há 49 anos, pois a linha de congelamento era significativamente mais baixa. O vilarejo suíço de Disentis, situado a 1.200 metros de altitude, que detinha o recorde em abril de 1975, registrou apenas 29 cm no vilarejo em abril deste ano.
Além disso, a taxa mais baixa de avalanches fatais pode ser atribuída aos avanços na mitigação e detecção de avalanches, como bombardeios controlados, análise do pacote de neve e estruturas de defesa estática, como barreiras contra avalanches e redes de neve.
Marty não sabe ao certo por que esses dois invernos são tão assustadoramente semelhantes: “Eu mesmo fiquei surpreso.” A única coisa certa até agora é que não importa que a temporada 2023/24 tenha sido significativamente mais quente. “A 2.500 m de altitude, a temperatura desempenha um papel secundário na quantidade de neve nova, pois geralmente faz frio para a queda de neve no inverno”, explica o cientista. Ele agora examinará os dados para descobrir os motivos dos paralelos.
É ótimo saber que os avanços na mitigação de avalanches tornaram os invernos muito menos perigosos para pessoas, animais e infraestrutura, e isso destaca a importância do trabalho dos institutos de avalanches em todo o mundo.
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